quinta-feira, 24 de abril de 2014

Paulo Bruscky





Paulo Bruscky nasceu em Recife, em 1949, onde vive e trabalha. Artista, ativista e renomado arquivista, Bruscky trabalha com diversas mídias, que incluem desenhos, performances, happenings, copy art e fax-art, arte postal, intervenções urbanas, fotografia, filmes, poesia visual, experimentações sonoras e intervenções em jornais, entre outras experiências. Sempre testando e estendendo os limites da prática artística, se mantém consistentemente à margem do mercado, promovendo a circulação de arte fora dos circuitos institucionais e desenvolvendo trabalhos, em muitos casos, efêmeros. 
Artista multimídia e poeta, na década de 1960, inicia pesquisa no campo da arte conceitual, e a partir de 1970 desenvolve pesquisas em arte-xerox. Em 1973, atua no Movimento Internacional de Arte Postal, sendo um dos pioneiros no Brasil nessa arte, e no ano seguinte lança o Manifesto Nadaísta. Organiza duas exposições internacionais de arte postal no Recife nos anos de 1975 e 1976, sendo esta última fechada pelos militares brasileiros. Realiza 30 filmes de artistas e videoarte entre 1979 e 1982, e começa a produzir vídeo instalações em 1983. Cria, em 1980, o xerox-filme com base em sequências xerográficas. 
Com a Bolsa Guggenheim de artes visuais recebida em 1981, reside por um ano em Nova York. Nesse ano, expõe na sala especial sobre arte postal montada na 16ª Bienal Internacional de São Paulo. É editor de livros de artistas e mantém em seu ateliê no Recife importante coleção de livros e documentos sobre arte contemporânea, entre eles, correspondência com integrantes dos grupos Fluxus e Gutai. Em 2004, seu ateliê é integralmente transferido do Recife para São Paulo, sendo remontado em uma das oito salas especiais da 26ª Bienal Internacional de São Paulo.
Criar outras formas de arte, de ver a vida, dar uma outra versão àquilo que parece estável são alguns dos lemas de criação de Paulo Bruscky. Se nos anos 70, momento inicial de sua trajetória artística, a insubordinação ao sistema ditatorial e às regras do campo das artes era algo imprescindível, até hoje esta subversão ao instituído é uma característica que marca as obras de Bruscky. Provocador, iconoclasta, sintético,irônico, articulador, precursor são alguns dos adjetivos conferidos a esse artista brasileiro. Bruscky é um artista que faz sua arte de forma independente do mercado e, por muito tempo, foi incompreendido e marginalizado. Apenas recentemente suas obras começaram a ter maior visibilidade e ele passou a ter retorno financeiro com sua arte. Fez Jornalismo, trabalhou no sistema de saúde por muitos anos, o que lhe dava sustento; Bruscky sempre teve muita liberdade em seu processo criativo. Sua preocupação imediata não era expor suas obras, mas realizá-las. “Sempre fui muito livre, nunca me submeti a nenhum tipo de censura, nem estética, nem repressora, sofri, mas lutei contra isso [...] é fundamental que se produza.” (BRUSCKY, 2009, p. 25).
Na perspectiva de fazer a obra circular para atingir grandes públicos, experimentando vários meios, suportes e materiais, Paulo Bruscky emergiu no cenário artístico brasilei
ro e internacional como uma figura singular.





Para Paulo Bruscky, o laboratório de criação do artista, é a sua mente, a sua sensibilidade, o seu corpo.
Ele usa o corpo para comunicar ideias poéticas e políticas, revelando uma poesia em campo expandido, que dialoga com várias expressões artísticas, perpassa sua obra e sua vida e se manifesta na sua atitude transgressora, crítica e experimental. Como ele afirma em seu depoimento, “na minha obra, está sempre presente a pesquisa, o acaso e a ousadia, o experimentar sempre”. Essa postura crítica e investigadora incide sobre várias mídias – os correios, o postal, o Xerox, o mimeógrafo, o vídeo, o livro e os classificados dos jornais – e utiliza vários suportes e materiais – o corpo, a cidade, o carimbo e os objetos que o artista encontra ao acaso e os transforma em arte.
Desde os anos 1970, Bruscky participa do movimento Arte Correio, que lhe possibilita intercambiar ideias, dialogar com artistas e grupos dos mais distantes lugares do planeta e fazer diversos projetos/obras para veicular suas ideias poéticas e políticas, potencializando seu objetivo de atingir grandes públicos.
Esse encontro da poética e da política, por meio da obra de arte, está presente nas reflexões contemporâneas sobre a micropolítica que substitui a noção de política partidária, sindical, revolucionária ou reacionária, própria do pensamento moderno, pela noção de uma política que leva em conta questões específicas e cotidianas referentes à comunidade, à ecologia, ao gênero, às minorias, ao sistema de arte, aos desejos, afetos e subjetividades. A obra de Paulo Bruscky se situa dentro desse universo da micropolítica, uma vez que ela discute problemas específicos, cotidianos, locais, em diálogo com questões globais.


A estrutura do ateliê de Paulo Bruscky diz muito sobre sua personalidade, revelando, principalmente, sua criatividade, intelectualidade e um espírito investigativo sempre atento aos elementos do seu entorno. O artista pernambucano coleciona objetos comprados em lojas populares ou achados nas ruas, que podem, ou não, ser utilizados em algum trabalho futuro.
O ateliê/arquivo está sempre que possível aberto à visitações, recebendo estudantes, pesquisadores, críticos, curiosos e amigos. Lá, o artista pernambucano guarda uma das maiores coleções internacionais do grupo Fluxus que tem cerca de 300 originais, e 100 do grupo Gutai.O acervo conta ainda com mais de mil livros de artistas, um dos maiores do mundo. Não por simples coincidência o acervo de Paulo Bruscky relativo ao Fluxus logrou uma exposição exclusiva no MAMAM – Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – em novembro de 2007
Em 2004, o ateliê de Paulo Bruscky foi exposto na 26ª Bienal de São Paulo.
A subversão do uso comum de certos objetos – herança de Marcel Duchamp – é ampliada ao se subverter também certas mensagens presentes em alguns elementos de nosso cotidiano, como rótulos de embalagens e placas de rua.
Na década de 1960, correspondências trocadas entre artistas plásticos deram origem a mais uma forma de expressão de arte contemporânea que ficou conhecida como Arte Postal (mail art). Nessa mesma época, Ray Johnson cria, em Nova York, nos Estados Unidos, a Correspondance Art School (Escola de Arte por Correspondência). Em 1963, Ray Johnson escreve uma carta num envelope, usando a frente e o verso. Ele rompe, assim, com o conceito de privado e reproduz, de maneira pública, dialogando com outra pessoa, a sua aparente intimidade. A mail art consistia em trocar mensagens criativas utilizando o sistema de correios. Ela surgiu como uma alternativa aos meios convencionais das exposições de arte (Bienais, Salões, etc.) e tem características próprias do período em que apareceu (dialoga, portanto, com a Guerra fria, no contexto mundial, ou com a ditadura militar, no contexto brasileiro). Ou seja, seu objetivo era veicular informação, protesto e denúncia. Os artistas utilizam, principalmente, técnicas como colagens, fotografia, escrita ou pintura.


No Brasil, a Arte Postal chegou num momento de censura, quando muitos artistas, para poderem se expressar, acabam aderindo à Arte Conceitual e posteriormente a arte postal. O artista brasileiro, pernambucano Paulo Bruscky, organizou, em 1975, no Recife, ao lado de Daniel Santiago e Ypiranga Filho, a 1ª Exposição Internacional de Arte Postal, fechada pela censura do regime militar. O trabalho abaixo, por exemplo, é uma crítica à ditadura militar, quando não ocorriam eleições livres:

Paulo Bruscky partir de 1969, aumentou suas realizações no campo da arte conceitual e experimental fazendo pesquisas múltiplas que envolviam o espaço e o ambiente, em intervenções e materiais diversos, como happenings, carimbos, copy art, áudio arte, etc
Desenvolveu a partir de 1970, pesquisas em copy art (eletrografia), expondo o resultado numa mostra individual na Galeria Empetur, em Recife.
Também foi pioneiro no Brasil na fax-arte, em 1980, quando realizou, com o artista Roberto Sandoval, um trabalho entre as cidades do Recife/PE e São Paulo/SP, na aplicação artística de várias tecnologias, como gravação eletrônica, projeção de diapositivos, fac-símile, filme super-8, vídeo, xerox, off-set e mimeógrafo e, ainda na video arte, fora do eixo Rio-São Paulo.
Já obteve vários prêmios internacionais entre os quais o de Artes Visuais da Foundation Guggenhein de Nova York, EUA; Sala Especial na 26ª Bienal Internacional de São Paulo de 2004; Artista Convidado para exposição no Florean Museum, Romênia, em 2005; Panorama da Arte Brasileira, MAM,SP,2005.
Paulo Bruscky é um artista que tem a capacidade de visualizar e canalizar sua linguagem e arte em variados tipos de objetos. Sua capacidade criativa não tem limites é um artista de linguagens variadas.

POR: Rosilane Macedo


3 comentários:

  1. Muito bom!!! Ele é um artista sensacional, tem obras fascinantes....

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  2. Gostei bastante de ler sobre Paulo Bruscky e me interessei bastante por suas obras, ele é um artista completo!

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  3. Gosto de como o artista usa o corpo para comunicar suas ideias poéticas e políticas, mostrando que a poesia dialoga com as várias expressões artísticas

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